O trem da madrugada
Quase sempre na madrugada,
meu pai, um a um ia acordar
dizendo: acorda meus
curumins,
que tá chegando a
hora de viajar!
No silêncio enternecedor daquela rua,
sonolentos, a gente caminhava devagar,
a minha mãe apressada reclamava:
vamos meninos, tá na hora, de embarcar!
A pequena cidade toda às escuras,
somente a luz da lua a nos guiar...
de longe se ouvia um apito estridente,
era a Maria fumaça que acabava de chegar...
Na plataforma da estação todos apostos...
num relance o trem de passageiros acostou,
meu pai com os
bilhetes foi chegando, e
no vagão, primeiro, fomos logo se assentando..
Em pouco tempo a locomotiva apita e vai...
nos trilhos o trem majestoso segue veloz,
na beira da linha o aceno alegre de quem vai,
cedinho para a roça, enxada no ombro, trabalhar...
Na janela, todos de uma vez, queríamos ficar,
Pois, em mais uma estação, o trem iria chegar...
e o meu querido pai bem apressadinho desce,
e compra pão e colchão de noiva para nós merendar...
Escuta-se novamente o apito do trem;
em outra estação acabou de parar...
gente descendo, gente subindo,
são uns chegando e outros partindo...
E assim, queimando lenha, lá vai Maria,
soltando fumaça por todo o sertão,
já na janela, meus pais, sorriam felizes...
O trem chegava, à nossa estação...
(fátima fontenelle)
Grandes e mágicas viagens que não vemos mais...
ResponderExcluirLinda poesia, menina!
Boa tarde...